24 de fev. de 2023

Quando foi que isso aconteceu?

Às vezes, ou quase sempre me pego pensando em 2020 quando as coisas ainda faziam sentido para mim. Mesmo em pandemia, eu tenho certeza que foi o ano mais incrível da minha vida, o ano em que me senti viva. Três anos depois e um turbilhão de acontecimentos depois digo que já não sou mais a mesma menina de 21 anos cheia de sonhos e ânimo para fazer acontecer as coisas. Comecei o ano de 2020 trabalhando na minha área, em uma agencia de turismo e graças a isso pude viajar pela primeira vez de avião e sozinha. Foi incrível! Cheguei de viagem pesando quase 5kg a mais de tão boa que foi. Comi bastante, tomei vinhos chiques, conheci várias vinícolas, andei de Maria Fumaça, amassei uvas com os pés. Foi mágico! Me senti completamente viva e feliz. Meses depois conheci uma pessoa que me fazia sentir a pessoa mais fantástica do mundo, que me fez acreditar que eu merecia ser amada. Ele me fazia acreditar que eu era merecedora de ser amada, de receber carinho e atenção, coisas que nunca havia recebido (eu cresci em um lar caótico, que ao invés de receber amor, recebia palavras amargas). Então eu amava ir para a casa dele, era ali que me sentia verdadeiramente em casa, ali era meu lar e tinhas as irmãzinhas dele. Meu Deus como as amo. Cuidava como se fossem minhas. Então os meses foram passando e eu fui me sentindo mal, confusa. Ali as coisas já começaram a mudar. Ele que sempre foi tão carinhoso, que sempre vinha me ver, começou a não aparecer mais nas segundas-feiras, que era o dia oficial da gente ficar juntos. Eu passava a tarde esperando ele aparecer e ele não vinha. Depois me mandava mensagem falando que não conseguiu ir. Eu respondia que estava tudo certo, mas não estava não, porque eu sentia falta dele. Então ele começou a se afastar, a não me abraçar mais de volta. Eu sentia aquilo, eu sentia ele tão frio quanto uma noite de inverno. Então, eu não consegui mais suportar e terminei. Mas eu amava tanto ele, eu não queria aquilo, mas não via outra solução. Eu queria ter feito nossas viagens, ter acampado com você em Ibitipoca, queria ter ido para Tiradentes. Mas acabou e ainda dói. Como dói.

Os meses foram passando, eu fui melhorando, fui ficando bem de novo, me cuidando, voltei a engordar (eu perdi quase os 5kg que tinha ganhado, fiquei extremamente magra e apática) e fui seguindo minha vida. Boom, outra bomba estourava. Meu pai adoeceu, entrou em colapso, em surtos, em depressão profunda. Deixei de lado toda dor e tristeza que sentia para poder dar o melhor para o meu pai. Cuidados dele e esquecemos da gente. Eu estava adoecendo de novo, mas não podia fraquejar, não podia demonstrar que estava mal. Eu tinha que ser forte para cuidar do meu pai. Me deixei de lado, e afundei em depressão, mas sempre fingindo ser forte. Ele ficou bem, voltou aos poucos ao "normal". Já não precisava mais tomar antipsicóticos, já se alimentava sozinho, comia e andava normal. Eu fui tentando retornar minha vida, fui melhorando de novo, já me sentia um pouco mais feliz, me alimentava e tinha vontade de comer. Aí essa pessoa apareceu de novo e virou minha vida de cabeça para baixo. Me fez voltar a sentir tudo aquilo que eu lutava diariamente para não sentir mais. Apareceu quando eu menos precisava dele, quando eu já tinha me recuperado de toda dor que senti ao deixá-lo. Depois ele apareceu com uma garota perfeita, linda e com um corpo que é o sonho de qualquer cara. Meu mundo desabou, porque não entendi o que ele queria de mim. Eu nunca me comparei com ninguém. Nunca me senti a garota mais linda (nem bonita me sentia), mas desde que ela apareceu eu me odeio, odeio minha aparência, odeio meu corpo. Me comparo com todo mundo. 

Eu me afundei novamente e comecei a ter crises de ansiedade, coisa que nunca tive nem sabia como era. Parecia que eu ia morrer, não conseguia respirar, só sabia chorar, foi assustador. E novamente emagreci, mas emagreci tanto que as pessoas começaram a notar. Isso doía tanto. Doai me olhar no espelho e não me reconhecer mais, a odiar quem eu havia me tornado. Eu já não sou a mesma menina de 21 anos, lá de 2020 que era feliz, que não se comparava, que tinha sonhos e que acreditava fielmente em Deus. Não que eu deixei de acreditar, mas as vezes acabo questionando o por quê de algumas coisas acontecerem.


Eu sempre amei fotografar, era fotografa. Hoje eu mal pego na minha câmera. Tá aqui guardada. Até lente eu comprei com o meu trabalho como fotografa, mas ela tá aqui guardada. Eu perdi o prazer em fazer as coisas que mais amava. Eu amava ouvir músicas alegres e alto astral, hoje só ouço músicas que me fazem chorar e lembrar de como a gente era feliz. Eu amava estudar e decorar meu caderno da faculdade. Hoje eu nem anoto mais nada , nem sequer caderno eu tenho mais. Eu amava admirar a lua, o céu. Hoje eu mal saio do meu quarto, só quando vou para o trabalho . E por falar em trabalho eu perdi meus dois outros empregos. Perdi o da agência, porque foi na época em que terminamos e eu comecei a me desligar do mundo e consequentemente não estava sendo tão produtiva. Eu perdi meu outro emprego porque me deixei levar por conversas de pessoas, comecei a falar demais, a chorar no expediente, a ficar irritada e outras coisas, então me desligaram da empresa. Desde então eu já nem sei mais quem eu sou. Me afastei de todo mundo, briguei com muita gente que amava, me tornei fria, me fechei para o mundo. Faz ano que não saio de casa. Eu me desliguei do mundo e entrei no meu próprio mundo particular onde eu crio minha realidade e nele eu sou feliz. Mas a verdade não é essa. Eu só queria voltar a ser a mesma garota que eu era. Queria ter o mesmo sorriso sincero de antes. Queria que meus olhos voltassem a brilhar, queria voltar a sentir prazer pelas coisas que gostava de fazer. Queria sentir a paz que eu tinha no meu coração. Queria não me comparar mais com ela. Queria me sentir suficiente. Queria me sentir merecedora de ser amada (hoje já não sinto que mereço isso. Me sinto tão mal que acho que ninguém merece alguém assim do lado. Talvez por isso venho me afastando de todo mundo, mas eu preciso desse tempo). Queria me sentir viva de novo.  

Um comentário:

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